Procuradoria Geral do Estado batalha para impedir o pagamento do precatório por desapropriação de terras no valor de R$ 1 bilhão

Prédio da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro Foto: Divulgação

Matéria publicada hoje no Jornal O Globo dá destaque à batalha judicial que se arrasta há 60 anos, envolvendo terreno de 153 mil metros quadrados ao longo da Avenida Salvador Allende, no Recreio dos Bandeirantes.

“RIO — A Procuradoria Geral do Estado (PGE) batalha para impedir o pagamento do maior precatório por desapropriação de terras da história do Rio de Janeiro. O título, em cálculos atualizados, vale R$ 1 bilhão, desembolso desastroso para um estado em recuperação fiscal. Os procuradores do estado, para convencer a Justiça a negar o pedido, alegam que os supostos donos apresentaram certidões fraudadas para atestar a propriedade.

Iniciado há 60 anos, ainda no Estado da Guanabara, o processo de desapropriação de terreno de 153 mil metros quadrados ao longo da Avenida Salvador Allende, no Recreio dos Bandeirantes, era visto quase como uma lenda urbana, dada a quantidade de reviravoltas, o tempo decorrido e de pessoas que se apresentaram como donas. Porém, decisões recentes da Justiça a favor dos herdeiros de dois reclamantes do precatório acenderam um sinal de alerta na PGE ao tornar real a chance de vitória dos adversários.

O precatório é reivindicado pelos herdeiros de Holophernes Castro e Pasquale Mauro, sendo esse um notório grileiro da Barra da Tijuca. Eles alegam ter adquirido o terreno do Banco de Crédito Móvel em 1966. Já obtiveram uma vitória na 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, que reconheceu o direito à indenização bilionária, e começaram a ganhar a também entre os cinco ministros da 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde dois votaram a favor dos herdeiros e um contra. Este agravo em recurso especial está suspenso por pedido de vista da ministra Assusete Magalhães.

Os principais trunfos da PGE para virar o jogo são as próprias escrituras apresentadas pelos supostos proprietários. Nos documentos, o terreno é identificado como “Gleba 1 da quadra 8 do PAL 5596”. De acordo com os procuradores do Estado, esse PAL (projeto aprovado de loteamento), nos arquivos da prefeitura municipal, fica em Bangu. Nunca foi da área reivindicada no Recreio dos Bandeirantes, que está registrada apenas como PA 5596, sem jamais ter sido loteada, argumenta a PGE.

Os projetos aprovados de loteamento (PAL) correspondem ao loteamento, desmembramento ou remembramento de terrenos com identificação, descrição e dimensões de áreas de lotes ou quadras, quando existir. Estes projetos são feitos por iniciativa particular, ou seja, pelos proprietários das terras e só existem quando são submetidos à aprovação da prefeitura.

— Marotamente, acrescentaram a letra “L” depois do PA, dando a entender que a área foi oficialmente loteada. Nunca foi. Isso é fraude — alega um dos procuradores da causa.

Um cochilo, entretanto, fragilizou o posicionamento da Procuradoria. No ano passado, em despacho de rotina, peritos da Assessoria de Perícias, Cálculos e Avaliações (APCA) da PGE reconheceram que a unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), na Avenida Salvador Allende s/n, no Recreio, invadiu a área vizinha de uma firma de logística. A empresa pertence aos herdeiros de Pasquale Mauro, que pretendem usar o documento como prova judicial de que o estado reconhece a titularidade da família e direito de levantar o precatório de R$ 1 bilhão.

Ao descobrir a existência do documento, o procurador-geral do Estado, Bruno Dubeux, requisitou nova perícia e planeja ir a Brasília, ao final do recesso do Judiciário, para explicar aos cinco ministros da Segunda Turma do STJ que os Mauro nunca conseguiram provar a titularidade dessas terras.

Pelo regulamento interno da PGE, todas as perícias produzidas pela APCC precisam passar, antes de sair do órgão, pelo gabinete do procurador-geral. Por alguma razão que Dubeaux ainda desconhece, o parecer referente ao CNEN-Recreio foi encaminhado direto para a Secretaria de Assuntos Econômicos, órgão solicitante da perícia. O procurador, porém, afastou a hipótese de má-fé. Para ele, os peritos não tinham a menor ideia de que os vizinhos supostamente invadidos eram os herdeiros de Pasquale Mauro e que usaram o parecer com outra finalidade, muito diferente de uma briga pela localização da cerca que divide as duas empresas.

Com o parecer da APCA, os advogados dos herdeiros apostam na retomada da votação e na vitória judicial em Brasília. O procurador-geral, porém, está confiante, pois não acredita que a manobra seja acolhida pelo STJ:

— Reconhecemos o direito a indenização. O dinheiro está até depositado. Mas será pago apenas a quem comprovar a titularidade, o que jamais aconteceu.

A ação de desapropriação foi ajuizada em 1962 pelo então governador do Estado da Guanabara, José Sette Câmara, com o objetivo inicial de criar um parque à beira da Lagoa de Jacarepaguá. Como o projeto nunca saiu do papel, as áreas sofreram redução e foram cedidas a unidades da CNEN e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea).

No cadastro da Prefeitura, originalmente, as áreas desapropriadas pertenciam ao extinto Banco de Crédito Móvel (BCM). Porém, para ter direito à indenização, os donos teriam de comprovar matrícula em Registro Geral de Imóveis. Na briga judicial que se arrasta há seis décadas, os supostos herdeiros dos direitos do BCM tiveram derrotas iniciais na 7ª Vara de Fazenda Pública e na 4ª Câmara Cível, que rechaçaram as provas apresentadas.

O jogo, porém, começou a virar quando o relator do caso na 4ª Câmara Cível, desembargador Reinaldo Pinto Alberto, se afastou por licença médica e seu substituto, Marco Antônio Ibrahim, mudou o entendimento sobre o pleito. Em decisão seguida pelo colegiado, ele entendeu que, “como se mostra evidente, não há motivo razoável para que o Juízo de 1º grau mantenha o sobrestamento do pagamento do precatório porque já foram esgotados os meios de comprovação da propriedade da área pelo agravante Pasquale Mauro, Espólio de Holophernes Castro e Lydia Teixeira de Castro”.

Restou ao estado levar a questão para Brasília, mas o cenário no Superior Tribunal de Justiça (STJ) não é promissor. Em votação que pode ser reiniciada logo após o recesso, os herdeiros ganham por 2 a um num total de cinco votantes. Como não há dúvidas quanto à legitimidade da desapropriação, mas sobre quem tem o direito a ser indenizado, parte do dinheiro já foi depositada em conta judicial.

Além dos supostos detentores do título, o maior precatório das desapropriações estaduais fez crescer os olhos de outros atores da batalha judicial, incluindo o próprio BCM, que alega nunca ter repassado a escritura para as famílias de Pasquale Mauro e Holophernes Castro e que continua em atividades. A luta pelo levantamento do crédito, porém, parece chegar ao capítulo final de um thriller sobre caça ao tesouro em pleno Recreio dos Bandeirantes.

Procurados, os advogados dos herdeiros de Pasquale Mauro e Holophernes Castro não responderam aos questionamentos do GLOBO.”

fonte:

https://oglobo.globo.com/rio/procuradoria-geral-do-estado-batalha-para-impedir-pagamento-do-precatorio-por-desapropriacao-de-terras-no-valor-de-1-bilhao-1-25356827

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO PARA INVESTIGAR AS DENÚNCIAS CONTRA O 9º CARTÓRIO DO REGISTRO GERAL DE IMÓVEIS, RELATIVAS ÀS INSCRIÇÕES DE MATRÍCULAS, ESCRITURAÇÕES E ANOTAÇÕES DE IMÓVEIS SITUADOS NA BARRA DA TIJUCA E RECREIO DOS BANDEIRANTES, COMO DESDOBRAMENTO DOS FATOS APURADOS NA CPI INSTITUÍDA PELA RESOLUÇÃO Nº 843/2009.

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO – CPI – PARA INVESTIGAR AS DENÚNCIAS DE OCUPAÇÃO DE TERRAS E LAVAGEM DE DINHEIRO, ATRAVÉS DE AÇÕES DIVERSAS, INCLUSIVE COMPRA FICTÍCIA DE IMÓVEIS, COM MANIPULAÇÕES RELATIVAS A REGISTRO DE IMÓVEIS E SONEGAÇÃO DE IMPOSTOS E EMOLUMENTOS – (RESOLUÇÃO Nº 1401/2006)

Parecer da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro sobre a ação de desapropriação n.º 0000309-50.1962.8.19.0001

A Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro vem travando uma verdadeira batalha judicial para impedir que essa enorme indenização vá parar em mãos erradas. Segundo a PGE, as escrituras de compra e venda das áreas desapropriadas apresentadas em nome do italiano Pasquale Mauro não comprovam que ele seja o verdadeiro dono dos imóveis.

Herdeiro de Pasquale Mauro entra com ação de usucapião contra o Banco de Crédito Móvel.

Filho de Pasquale Mauro, o controvertido latifundiário da Barra da Tijuca, ingressa com ação de usucapião no Fórum da Barra da Tijuca para tentar adquirir a propriedade de um terreno supostamente vendido a ele pelo Banco de Crédito Móvel, na época, representando pelo próprio pai, nos termos da escritura pública de compra e venda lavrada no Cartório do 22º Ofício de Notas da Capital (Livro 2415, fls. 115, ato 046, de 08/01/1985).

De acordo com o autor da ação, desde 1986, ele teria a posse dos lotes 1 e 2 do PAL 45.624 recebida de seu pai. Alegando não ter condições de levar o imóvel a registro no Cartório do 9º Ofício de Registro de Imóveis da Capital, porque o Banco de Crédito Móvel estaria em liquidação, pretende adquiri-lo através da usucapião.

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Para responder pelo Banco de Crédito Móvel, o autor da ação indicou o próprio pai, hoje falecido, que obviamente declarou que não tinha nada a opor ao pedido do filho!

Veja aqui a declaração de anuência.

Ocorre que, desconfiando da indicação do nome de Pasquale no polo passivo da ação, o juízo da 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca oficiou a Corregedoria do Tribunal de Justiça para indagar sobre a correta representação do banco em juízo. Como não poderia ser diferente, a Corregedoria informou que, por força de decisão da 8ª Câmara Cível, a representação caberia ao Liquidante Judicial desde 28/11/2006 (Apelação n.º 2006.001.23970).

Como nada do que se refere ao Banco de Crédito Móvel é simples, embora existam fortes evidências de irregularidades na escritura lavrada em nome do Banco que, como se sabe tem a sua própria existência contestada em juízo, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ainda não opinou sobre o caso.

Não custa lembrar que o Estado do Rio de Janeiro, recentemente, conseguiu suspender o pagamento de um precatório oriundo de uma desapropriação aos herdeiros de Pasquale Mauro, exatamente em função da inconsistência de seus documentos.

Fonte: Processo n.º 0001590-89.2005.8.19.0209 (TJRJ)

 

CONDOMÍNIO DE LUXO É CONSTRUÍDO EM TERRENO DISPUTADO NA JUSTIÇA, NUMA DAS ÁREAS MAIS CARAS DA CIDADE.

Desconsiderando os riscos de construir num terreno sub judice, uma das maiores construtoras do país ergue um conjunto de prédios de luxo na Barra da Tijuca.

O empreendimento Riserva Golf, anexo ao campo de golfe construído para os Jogos Olímpicos de 2016, está sendo construído numa área de 31 mil m2 que comportará 4 prédios de 21 e 20 andares.

O projeto foi concebido no bojo da misteriosa Parceria Público-Privada feita entre a Prefeitura do Rio de Janeiro, na gestão do Prefeito Eduardo Paes, com o falecido Pasquale Mauro e a construtora RJZ Cyrela.

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Imagem: livinggazette.com

Recentemente, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o pagamento de um multimilionário precatório aos herdeiros de Pasquale Mauro e Holophernes Castro sob a alegação de que o registro de propriedade de um terreno desapropriado pelo Estado do Rio de Janeiro na década de 60 era de origem duvidosa, decorrente da contestada e polêmica aquisição feita pelo Banco de Crédito Móvel.

A origem do duvidoso registro de propriedade do terreno desapropriado (Banco de Crédito Móvel) é exatamente a mesma dos terrenos em que a construtora edificou os empreendimentos Riserva Uno e, mais recentemente, o Riserva Golf.

A história da disputa fundiária foi transformada num longa-metragem que pode ser visto gratuitamente no Youtube.

 

 

Herdeiros de Pasquale Mauro cobram mais de 50 milhões de reais de indenização da Prefeitura do Rio de Janeiro

Herdeiros de Pasquale Mauro brigam na Justiça para receber uma indenização de mais de 50 milhões de reais da Prefeitura do Rio de Janeiro, em função da criação do Parque Natural Nelson Mandela, na Praia da Reserva.

Segundo o espólio de Pasquale Mauro, autor da ação, a operação urbana consorciada criada por iniciativa do ex-prefeito Eduardo Paes provocou a desvalorização dos “seus” terrenos.

A Prefeitura do Rio de Janeiro contestou os pedidos alegando que, só em relação aos terrenos supostamente desvalorizados, o espólio de Pasquale Mauro deve mais de 167 milhões de reais, ou seja, mais de três vezes o valor pretendido na ação indenizatória.

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Os autores da ação classificam a política do Município como “ardilosa”, acusam-no de pretender se “beneficiar de sua própria torpeza”, ao “extirpar em absoluto o potencial edilício de seu imóvel”, com o “objetivo escuso” de forçar a doação do imóvel, se apropriando do mesmo “a preço de banana”.

Os procuradores do Município, alegam que “ou os Autores não compreendem a legislação urbanística e desconhecem os instrumentos criados pelo Estatuto da Cidade, ou confundem negociação de potencial construtivo com a antiga atividade comercial que exerciam na Barra da Tijuca, ou estão mesmo agindo de má-fé”.

O Ministério Público do Rio de Janeiro ainda não opinou sobre o caso.

Sobre a questão de fundo que envolve a disputa das terras na região de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, vale a pena conferir o Filme Olympia 2016, lançado pelo cineasta Rodrigo Mac Niven. O filme é um documentário ficção que aborda o fenômeno da corrupção, hoje, mais do que nunca, um tema nacional.

O filme é fruto de uma bem sucedida campanha de crowfunding e da articulação de um grupo de ativistas críticos à realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, os quais conseguiram mobilizar 534 cidadãos apoiadores do projeto.

 

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Clique aqui para ver o vídeo da campanha

Clique aqui para ver o trailer oficial

Clique aqui para assistir o filme.

Olympia 2016 no Facebook

Enquanto a grande mídia não deu destaque algum ao projeto e ao filme, em função de evidente conflito de interesses econômicos com os grande grupos empresariais do mercado imobiliário e organizadores dos Jogos Olímpicos, os jornais eletrônicos e sites independentes se encarregaram de divulgá-lo:

The Intercept Brasil: A CURIOSA SEMELHANÇA ENTRE CASOS CARIOCAS E AS HISTÓRIAS DO NOVO “DOCUFICÇÃO” OLYMPIA

Canal Brasil: Uma paródia sobre os escândalos da olimpíada em uma cidade fictícia. Ficção e documentário se encontram em filme de Rodrigo Mac Niven.

Glamurama: Filme que desvenda a corrupção nas Olimpíadas estreia no Rio

Rio On Watch: Olympia é um filme chocante, que mistura documentário e ficção ao explorar a natureza da corrupção durante a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016.

 

 

 

 

 

 

 


[01] Fonte: Processo n.º 0298333-39.2016.2009.8.19.0001

 

PAGAMENTO DE PRECATÓRIO MULTIBILIONÁRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO É SUSPENSO PELA JUSTIÇA

O pagamento de um multibilionário precatório do Estado do Rio de Janeiro foi suspenso pela Justiça. A suspensão foi determinada pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Rio, que teve sua decisão confirmada pelo CNJ.

O valor da fatura beira a estratosférica cifra de 1 bilhão de reais e é disputado pelos Herdeiros de Holophernes Castro e Pasquale Mauro, na condição de supostos sucessores do Banco de Crédito Móvel.

A suspensão foi motivada pela controvérsia acerca da titularidade do imóvel objeto da desapropriação, que corresponde a duas áreas hoje ocupadas pelo 31º Batalhão da Polícia Militar e FEEMA (87.639,00m2) e pelo laboratório da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear (75.748,00 m2).

Por decisão do Juiz EDUARDO ANTONIO KLAUSNER, da 7ª Vara de Fazenda Pública da Capital, no último dia 26/04/2018, o processo deverá aguardar o julgamento do Recurso Especial interposto pela Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro.

No recurso apresentado pelo Estado, além de toda a argumentação técnica que embasa a decisão de suspensão do pagamento do precatório, há o entendimento de que as áreas desapropriadas, em verdade, sejam públicas!

Ou seja, considerando que a bilionária indenização decorre de desapropriação de áreas supostamente do Banco de Crédito Móvel, as chances de que isso realmente seja verdade são enormes, não se justificando a liberação do referido precatório até que passado a limpo essa história.

Fonte: Processo n.º 0000309-50.1962.8.19.0001 – TJRJ

Sobre a questão de fundo que envolve a disputa das terras na região de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, vale a pena conferir o Filme Olympia 2016, lançado pelo cineasta Rodrigo Mac Niven. O filme é um documentário ficção que aborda o fenômeno da corrupção, utilizando como pano de fundo a grilagem de terras e o tráfico de influência de grileiros com autoridades públicas.

O filme foi fruto de uma bem sucedida campanha de crowfunding e da articulação de um grupo de ativistas críticos à realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, os quais conseguiram mobilizar 534 cidadãos apoiadores do projeto.

 

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Enquanto a grande mídia não deu destaque algum ao projeto e ao filme, em função de evidente conflito de interesses econômicos com os grande grupos empresariais do mercado imobiliário e organizadores dos Jogos Olímpicos, os jornais eletrônicos e sites independentes se encarregaram de divulgá-lo:

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AS LUTAS PELAS TERRAS EM JACAREPAGUÁ E REGIÃO DAS VARGENS DURANTE O GOVERNO CARLOS LACERDA

No início da década de 1960, o Partido Comunista Brasileiro já havia adotado um rumo de total conciliação com os setores da burguesia nacional, seja do meio urbano quanto do meio rural. Mas ainda havia algumas forças conservadoras cuja aliança ou parceria era tida como inviável para o PCB. Uma delas era a UDN, especialmente a sua liderança maior – Carlos Lacerda. Era esta a figura a ser combatida, talvez o principal adversário político do PCB no âmbito do estado da Guanabara. A ele seriam dirigidos a partir do início da década de 60 os principais e mais intensos ataques, mais até do que ao “império ianque”.

Lacerda seria responsabilizado por todos os infortúnios vividos pela população carioca e o Novos Rumos (novo nome do jornal do PCB) tentava demonstrá-lo seja através de editoriais e reportagens ou de pequenas “homenagens”, como a que foi concedida na forma de uma música de autoria de Sarandy, leitor assíduo do jornal:

 

Nas eleições

quanto potoca,

mil ilusões

pro carioca

Hoje está vendo

o tempo perdeu,

e está sofrendo

quem te elegeu

A água sumiu

o “bicho” rendeu, o povo sentiu

e se arrependeu

Ao progresso

sois um estorvo,

filho da Esso

maldito Corvo

Ódio da farda

é tua sina

o rio da guarda

virou piscina

ódios internos

ódios antigos

crias infernos

mata-mendigos

(Novos Rumos, 06-12/09/63, p.6.)

Carlos Lacerda

As notícias sobre violências e crimes cometidos por grileiros contra lavradores cariocas seriam usadas pela imprensa comunista como um instrumento de afirmação do seu antagonismo em relação a Lacerda. Todos os problemas e desventuras sofridas pelo lavrador do Sertão Carioca eram, no final das contas, colocados da conta do “corvo da rua do Lavradio” (Esta era a rua onde se localiza até hoje o Tribuna da Imprensa, na época de propriedade de Lacerda), que agiria mancomunado com as companhias imobiliárias no crescente processo de especulação das terras da zona rural do Estado da Guanabara.

Exemplo disso foi a destruição das hortas de cem lavradores em Jacarepaguá por parte de policiais da vigilância sanitária. Sob o título “Polícia de Lacerda protege a ‘saúde da light”, o Novos Rumos desvendava os verdadeiros motivos “da invasão destruidora, com tôda a sua truculência de tipo fascista” da polícia. Alegava Lacerda que a destruição das hortas tinha se dado em função de preocupações com a higiene e a saúde da população, já que as hortas seriam regadas com águas de um riacho contaminado.

Na verdade, revelava o Novos Rumos, as terras pertenceriam à Rio Light S.A., que estaria disposta a expulsar os lavradores para poder alugar os lotes agrícolas a uma companhia:

É simplesmente o aumento do lucro imobiliário que o sr. Lacerda favoreceu, ao iniciar, na prática, a expulsão dos lavradores das terras da ‘Light’, destruindo suas plantações sem a menor indenização e sem qualquer informação aos lavradores sôbre seu futuro(…).

Talvez agora se torne mais compreensível porque tão grande número de escritórios eleitorais do sr. Lacerda localizava-se nos térreos de edifícios em construção”

 (Novos Rumos, 10-16/02/61, p. 6.).

Nessa mesma área seriam instalados anos mais tarde o Hospital Cardoso Fontes e a Fábrica de Papelão (hoje desativada e prestes a se tornar um shopping).

Charge_Lacerda

CHARGE DE LACERDA DO ÚLTIMA HORA.

ACERVO: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Meses depois a polícia de Lacerda voltaria a “assinar ponto no sertão guanabarino”. Tal como em Jacarepaguá, aquele mobilizaria a polícia em Campo Grande para atender aos “negros propósitos” dos “tubarões de terra” numa nova “empreitada sinistra”:

“Cenas difíceis de se supor que ocorressem em longínquos rincões do interior, onde o coronelismo e o latifúndio impõem sua vontade, acontecem a menos de hora e meia de ônibus do centro do RJ.(…) com o conhecimento e a aprovação tácita do governador – (…) o aparelho policial se presta a violentar primários direitos de cidadãos pacatos, de quais não se conhece outra atitude que não o do trabalho, penoso e diuturno” (Novos Rumos, 11-17/08/61, pp. 1 e 6.).  

Segundo noticiava o Luta Democrática às vésperas do golpe de 64, uma “reforma agrária” estava prestes a ser “decretada” em Vargem Pequena (Jacarepaguá), mas não pelos seus 1.220 “posseiros” e sim “pelos velhos e conhecidos grileiros da região, antes abandonada e desvalorizada.” Por meio dessa “reforma agrária”(!) os “posseiros” estavam “sendo violentamente ameaçados de serem expulsos de suas terras” e ainda “perdendo suas benfeitorias”. Para sua implementação recorria-se aos serviços de capangas armados, “incumbidos de invadir as terras, abrindo fogo, a todo custo, como se aquilo fosse terra de ninguém”. E segundo jornal, tudo isso contaria com o beneplácito do poder público:

“Todas as queixas levadas às autoridades policiais, pedindo garantias, são recusadas ou postas na ‘geladeira’, porque o assunto é da alçada da Justiça … salvo se houver bala!

Já se verificaram casos em que os lavradores que vão pedir garantias ficam presos para averiguações.”

(Luta Democrática, 24/03/1964. p. 7).

Longe de serem vistos como um fenômeno distante e inexplicável, só apreendido pela matemática dos censos, os loteamentos eram considerados como sendo de autoria de “grileiros”, “ladrões de terras” e “aventureiros”, cujas práticas acarretavam inúmeros “malefícios ao abastecimento da cidade” e à “vida de humildes lavradores” e suas famílias. Ou seja, a expansão dos loteamentos sobre o Sertão Carioca se deu paralelamente à formação de uma importante arena de disputas em torno de valores e significados referentes a noções de direito e justiça. A existência de tal arena acabou sendo desconsiderada quando alguns estudiosos preferiram designar esse processo como “expansão do vetor urbano pela área rural” ou como Fânia Fridman preferia afirmar como “loteamentos promovidos em sua maior parte pelo setor imobiliário”. Mas na época em que esse processo se deu, ele era qualificado por alguns órgãos de imprensa como “repelentes assaltos de terras” praticados por “malfeitores encasacados”, ou, como contra-argumentavam as loteadoras, como a “chance sem igual de uma vida alegre” com “aplicação de capital seguro”, em terras “devidamente registradas e legalizadas”. E além de produzir novas ruas e casas, tal expansão concorreu para o surgimento de novas idéias, representações e certezas: dentre elas, foi-se consolidando a de que os infortúnios vividos pelos habitantes da região atendiam a interesses de um determinado grupo: enquanto a diminuição da produção agrícola acontecia, levando ao declínio das condições de vida dos lavradores e à falta de gêneros para o abastecimento da cidade, havia homens que faziam fortunas com ela.

Fonte: Carlos Lacerda e os posseiros de Jacarepaguá

Em 2016, o cineasta Rodrigo Mac Niven lançou o filme Olympia 2016, um documentário ficção que aborda o fenômeno da corrupção, utilizando como pano de fundo a grilagem de terras em Jacarepaguá.

O filme foi fruto de uma bem sucedida campanha de crowfunding e da articulação de um grupo de ativistas críticos à realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, os quais conseguiram mobilizar 534 cidadãos apoiadores do projeto.

 

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Olympia 2016 no Facebook

Enquanto a grande mídia não deu destaque algum ao projeto e ao filme, em função de evidente conflito de interesses econômicos com os grande grupos empresariais do mercado imobiliário e organizadores dos Jogos Olímpicos, os jornais eletrônicos e sites independentes se encarregaram de divulgá-lo:

The Intercept Brasil: A CURIOSA SEMELHANÇA ENTRE CASOS CARIOCAS E AS HISTÓRIAS DO NOVO “DOCUFICÇÃO” OLYMPIA

Canal Brasil: Uma paródia sobre os escândalos da olimpíada em uma cidade fictícia. Ficção e documentário se encontram em filme de Rodrigo Mac Niven.

Glamurama: Filme que desvenda a corrupção nas Olimpíadas estreia no Rio

Rio On Watch: Olympia é um filme chocante, que mistura documentário e ficção ao explorar a natureza da corrupção durante a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016.